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Resultados do estudo sobre o clima escolar no Ensino Médio

Estudo realizado entre abril e agosto deste ano com adolescentes, pais e professores de escolas públicas e privadas do Brasil também revela que 24% dos alunos não conseguem nem imaginar como será o futuro;

Embora 72% ainda acreditem que a melhor opção seja fazer um curso superior, quase 24% estão de olho em cursos livres e técnicos para complementar a formação, após o término da Educação Básica


São Paulo, outubro de 2021 - Há dúvidas sobre a qualidade da educação ofertada no Brasil, principalmente entre os estudantes: somente 55,2% dizem que confiam totalmente. Mas não há dúvidas em relação ao trabalho desempenhado pelos professores. Nesse quesito, 72% dos estudantes e 74,6% dos pais avaliam que é feito um bom trabalho, apesar da confiança dos alunos nos docentes diminuir ao longo do Ensino Médio. É o que revela o novo estudo sobre clima escolar do Instituto Crescer, instituição que desenvolve e implementa projetos sociais na área de educação, como programas voltados à formação de professores.


Batizado de “A confiança e o respeito e sua relação com o interesse para estudar na visão de estudantes, pais e professores do Ensino Médio”, o projeto marca os 21 anos de atuação do Instituto Crescer. Para realizar o estudo, a instituição contou com a participação de 2.312 respondentes das redes pública e privada de todo o país, no período entre abril e agosto deste ano.


Nas escolas particulares, o percentual dos estudantes que confiam totalmente em seus professores cai praticamente pela metade do início ao fim do Ensino Médio, passando de 8,8% no primeiro ano para 4,1% no terceiro. Na rede pública, os números se mantêm um pouco mais elevados, mas também apresentam queda. No primeiro ano, o índice de confiança chega a 22,8%. Já no último, baixa para 14,4%.


Para 25,2% dos adolescentes, os docentes têm preferência pelos bons alunos. Esse sentimento é mais forte entre os estudantes da rede pública (73%). Entre os pais, 22,1% também têm essa mesma visão. Entretanto, a maioria dos professores (98%) afirmam tratar todos os estudantes da mesma forma.


Quando questionados sobre o quanto se dedicam aos estudos, 67,2% dos alunos acreditam que fazem o seu melhor na maioria das vezes; 74,3% dos pais e 75% dos professores avaliam que buscam sempre fazer o melhor para dar apoio aos adolescentes. Entretanto, ao serem perguntados sobre o que esperam do próprio futuro, 24% dos estudantes não conseguem nem imaginar como será. Essa falta de perspectiva é mais forte entre os alunos da rede pública (79%) do que entre os das escolas particulares (22%).


O estudo também revela que a motivação para estudar não tem sido algo genuíno. Somente 34,1% dos estudantes investem na sua formação pela oportunidade de aprender coisas novas. A maioria (55,7%) o faz apenas por acreditar que é importante para dar continuidade aos seus estudos e 23% acreditam que os relacionamentos estabelecidos ao longo da vida é o que realmente vale para o sucesso futuro. Para dar sequência às suas formações, 71,7% dos estudantes creem que a melhor opção seja fazer um curso superior; 12,9% acreditam que sejam os cursos livres e 10,8% dão preferência aos cursos técnicos.


“Esse estudo nos faz refletir sobre o quanto estamos acompanhando tendências internacionais para formação e desenvolvimento de pessoas. Desenhar trilhas de aprendizagem personalizadas e investir em cursos de curta duração é o caminho que tem sido trilhado por muitos jovens ao redor do mundo que têm uma visão mais arrojada e entendem a dinamicidade imposta por um mercado cada vez mais global e competitivo, além dos avanços tecnológicos. Será que estamos acompanhando essa evolução? Também é fundamental analisar se estão sendo criadas oportunidades de aprendizagem significativas aos estudantes, aquelas em que o conhecimento adquirido será levado para a vida toda”, comenta a diretora técnica do Instituto Crescer e organizadora da pesquisa, Dra. Luciana Allan.


Influência dos pais e responsáveis nos estudos


Motivação e perspectivas futuras são diretamente influenciadas pela escolaridade dos pais ou responsáveis e pelo tipo de escola (pública ou privada) dos filhos. O estudo revela que pais com menor escolaridade (59,1% com até Ensino Médio completo) e que vieram de escolas públicas (49,1%) tendem a ver mais motivação nos filhos para estudar e percebem que fazem o melhor para apoiá-los em seu processo de aprendizagem. Já 43% dos pais com pós-graduação acreditam que seus filhos não têm motivação para estudar e 55% consideram que o apoio que dão é insuficiente.


Em relação ao futuro dos estudantes, otimismo é a palavra de ordem para os pais: 93,1% acreditam que os adolescentes terão sucesso na vida e 97% têm orgulho dos filhos. Na contramão, somente 68,2% dos estudantes acreditam que seus pais têm orgulho deles. Entre os que creem que os pais não se sentem orgulhosos, a maior parte (80%) vêm de escolas públicas.


“Orgulho é sempre uma visão de futuro, tanto para pais como para estudantes. Pelos depoimentos percebemos que é algo atrelado aos resultados profissionais que alcançarão, fruto dos investimentos que fazem na sua formação hoje. Ou seja, o orgulho não é sobre o que esses estudantes são hoje, mas sobre o que eles podem ser no futuro”, destaca Dra. Luciana.


Confiança no futuro


Diante de um cenário de incertezas, somente 19% dos estudantes confiam no futuro do Brasil. Pais (31,2%) e professores (33,3%) têm uma percepção um pouco mais positiva. Mas, a grande maioria, mais da metade dos pais (51,8%), dos educadores (54,5%) e dos estudantes (51,9%) têm muitas dúvidas em relação a isso. Entre os pais que não confiam no futuro do país, 65% têm filhos matriculados na rede pública e 35% na particular. Nota-se que, tanto em relação ao próprio futuro quanto ao do país, as perspectivas dos estudantes são mais negativas quando comparadas às dos pais.


“Confiança no futuro do Brasil é ainda um grande desafio para todos os entrevistados. A indagação que fazemos é sobre como a educação poderia colaborar para termos uma visão mais positiva e o que teria que ser feito para que pudéssemos alcançar um novo patamar que coloque o Brasil em destaque no cenário nacional e internacional”, afirma Dra. Luciana.


Metodologia


Com o objetivo de entender o quanto a confiança e o respeito que se estabelece entre estudantes, pais e professores interfere na motivação que eles têm para estudar e nas perspectivas para o futuro, o estudo foi realizado por meio de um formulário online e contou com a participação de 2.312 respondentes. Dos participantes, 574 eram pais ou responsáveis, 415 educadores e 1.323 estudantes de escolas das redes pública e privada do Brasil. As respostas foram coletadas entre 23 de abril e 30 de agosto de 2021.

O questionário é inspirado nas pesquisas de Brian Perkins, diretor do programa de liderança de Educação Urbana na Universidade de Columbia. Na definição de Perkins, o clima escolar depende de três fatores: estrutura física, relações entre as pessoas e também do que ele chama de atmosfera psicológica. Compõem esses dois últimos itens o respeito, a confiança entre os diferentes atores que fazem parte da comunidade escolar, o acolhimento e a sensação de segurança.

O estudo completo está disponível no link: https://www.slideshare.net/secret/2OXrF9fMfhigi5




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